Startups americanas estão se mantendo privadas por mais tempo, impulsionadas pelo aumento do capital alternativo disponível fora das bolsas de valores. Dados recentes da Renaissance Capital mostram que a idade mediana das empresas que abriram capital (IPO) até agora em 2025 é de 13 anos desde a fundação, acima dos 10 anos registrados em 2018.
A tendência reflete uma mudança no ecossistema de financiamento: enquanto o mercado de ações enfrenta volatilidade e incerteza, as startups estão conseguindo levantar recursos significativos por meio de fundos de private equity, venture capital em rodadas secundárias e até em mercados privados de ações.
O levantamento também indica que as startups estão buscando mais maturidade antes de abrir capital, especialmente nos setores de tecnologia, saúde e biotecnologia, que exigem investimentos de longo prazo em pesquisa e desenvolvimento.
Exemplos de startups famosas que não abriram capital
Empresas como Stripe, do setor de pagamentos digitais; SpaceX, do setor aeroespacial; e Databricks, de análise de dados e inteligência artificial, permanecem privadas mesmo após arrecadarem bilhões em rodadas privadas. O acesso a capital alternativo permitiu que essas companhias continuassem inovando e expandindo operações, sem a pressão imediata de resultados trimestrais ou da flutuação do preço das ações.
A Klarna, fintech sueca de pagamentos digitais, também passou por um longo caminho antes de ir a bolsa. Foi avaliada em US$ 45,6 bilhões em 2021, caiu para US$ 6,7 bilhões em 2022 e hoje tem valor de mercado de US$ 15 bilhões. Nessa trajetória, levantou capital de investidores como Sequoia Capital, SoftBank, IVP, Atomico, GIC e Heartland antes de, finalmente, .
“O acesso a capital alternativo dá às empresas mais flexibilidade para escalar antes de encarar a volatilidade do mercado público”, afirma Jay Ritter, especialista em IPOs da Universidade da Flórida, referência em estatísticas do mercado de abertura de capital.
Impactos para o mercado e investidores
Para investidores, o movimento significa que oportunidades de entrada em startups de alto crescimento podem estar mais concentradas no mercado privado, tornando necessário o acesso a fundos especializados ou rodadas secundárias. Para o mercado de IPOs, há um refinamento do perfil das empresas que chegam à bolsa mais maduras, com histórico de receita e rentabilidade mais consistente.
Com a crescente disponibilidade de capital alternativo, o ciclo de vida das startups antes de abrir capital está se alongando. O IPO deixa de ser visto como destino inevitável, tornando-se apenas uma das opções dentro de um ecossistema financeiro mais flexível e sofisticado.
*com CNBC
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