Petrobras faz primeira importação de gás natural de Vaca Muerta, na Argentina

petrobras-faz-primeira-importacao-de-gas-natural-de-vaca-muerta,-na-argentina

A Petrobras (PETR4) e a Pluspetrol realizaram a primeira importação de volumes de gás natural não convencional de Vaca Muerta, produzidos na Bacia de Neuquén, no coração da Patagônia argentina. A operação foi realizada na última sexta-feira, 3, em cumprimento ao acordo firmado entres as empresas e suas subsidiárias, Petrobras Operaciones (POSA) e Gas Bridge Comercializadora.

Segundo a Petrobras, foram importados 100 mil metros cúbicos de gás natural, produzidos pela POSA e pela Pluspetrol, com o objetivo testar o arcabouço comercial e operacional da operação. O gás foi transportado via gasodutos, da Argentina à Bolívia e, de lá, até o Brasil.

Pelo contrato, a Petrobras pode importar até 2,0 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, na modalidade interruptível. Novas operações ocorrerão à medida que as empresas identifiquem oportunidades comerciais.

“Essa primeira operação é um marco relevante para a Petrobras, possibilitada pela integração das infraestruturas e que permite a conexão da produção própria da Petrobras na Argentina, por meio de sua subsidiária POSA, com o mercado nacional”, afirmou a diretora de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Angélica Laureano.

O que é Vaca Muerta?

Vaca Muerta é uma das maiores formações de hidrocarbonetos não convencionais do mundo. Estima-se que a área abrigue a segunda maior jazida global de gás de xisto e a quarta de petróleo não convencional.

A produção em Vaca Muerta utiliza o fraturamento hidráulico – técnica chamada de “fracking” – que permite extrair petróleo e gás aprisionados em rochas profundas. Essa operação envolve a perfuração vertical e horizontal do solo, seguida da injeção de água, areia e aditivos químicos sob alta pressão para liberar os combustíveis. 

A formação rochosa, a cerca de 3 mil metros de profundidade, é considerada pelos especialistas tão promissora quanto a Bacia do Permiano, nos Estados Unidos – referência mundial no setor.

Vaca Muerta é parceria com governo Milei

Para viabilizar o escoamento da produção de Vaca Muerta, a Argentina investe em projetos estratégicos, como o gasoduto Néstor Kirchner, de 600 km. A primeira fase já está em operação, ligando Vaca Muerta à província de Buenos Aires, enquanto a segunda etapa prevê a expansão até Uruguaiana (RS), na fronteira com o Brasil, abrindo caminho para a exportação de gás argentino ao mercado brasileiro.

A parceria com o Brasil pode ser estratégica para os dois lados. O gás argentino ajudaria a diversificar a matriz energética brasileira e reduzir a dependência do gás boliviano, cuja oferta está em declínio. Para a Argentina, o Brasil representa um mercado robusto e uma fonte de divisas. 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda financiar parte da obra com contrapartida de fabricação de tubos por empresas brasileiras, em um projeto orçado em cerca de US$ 820 milhões.

Outros investimentos

O Vaca Muerta Oleoduto Sul (VMOS) é um megaprojeto de mais de US$ 3 bilhões, incluindo um oleoduto de 440 km e um terminal capaz de receber navios VLCC, aumentando as exportações de petróleo da Argentina em cerca de US$ 14 bilhões anuais a partir de 2027. O financiamento envolve cinco grandes bancos internacionais e 14 instituições, totalizando US$ 2 bilhões. Empresas como Techint, Sacde e Técnicas Reunidas participam da construção, e o projeto recebeu incentivos fiscais e cambiais pelo RIGI.

Apesar do potencial econômico, a técnica de fracking usada em Vaca Muerta gera críticas ambientais, como contaminação de solo, água e ar, emissões de metano e tremores de terra na região de Neuquén.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *